Quem é o pior?
Após assistir o entrevero do tal Amazonino com a conterrânea quase sem teto, cheguei a encaminhar a notícia para amigos. Se imaginasse a “comoção” que já rolava, teria ficado calada. Agora, estou irritada com o prefeito de Manaus e com muitos paraenses. Calma! Explico antes que me agrida ou diga que eu não amo o Pará; mas vamos ser francos – e honestos- certo?
Diga-me (“ao pé do ouvido”, como diria meu pai) por que razão o prefeito de Manaus precisaria ficar “bem na foto” com paraenses? Para manter a pose? Para fingir que é politicamente correto? Ah, então tá; começamos a falar de política – ou melhor, de políticos. O Amazonino que se lixe, não nos interessa – nem nós a ele- essa é a verdade.
É chato, claro, ver alguém fazer publicamente aquilo que muitos fazem disfarçadamente: tratar mal e com franqueza cruel o “próximo” – no caso, o eleitor; oriundo seja lá de onde for.
Fazemos isso o tempo todo, cara pálida! Essa rixa não existe em mão única e é a mesma com portugueses – que revidam, tratando brasileiras sem nenhum respeito: lá, a princípio, somos todas desfrutáveis. E a vida continua.
Manauaras detestam paraenses e vice e versa. E daí? Alguém já se indignou a sério, com essas briguinhas idiotas? Algum político moveu uma palha – o ou traseiro- para amenizar essas arestas ou só engrossam a voz quando dá ibope?
Quero que o Amazonino se exploda, mas me irrita ver que o paraense reclama de um político caquético, mas distante; já quando se trata de defender a terrinha dos nossos próprios maus políticos, poucos se habilitam. Chego a acreditar que a distância facilita aos cordeirinhos ensaiar essas manifestações de paraensismo – que desaparecem quando o prefeito está (ou deveria) logo ali. (Aliás, onde anda Duciomar?)
Pelo menos o prefeito deles está nas ruas, cuidando – da maneira dele- da cidade que vai muito bem, obrigada. E o nosso? Onde está o prefeito que deixa a cidade imunda, que abandona obras inacabadas; que não planeja nada e vai fazendo como e quando dá?
Onde estão esses mesmos políticos que prometem processar Deus e o Amazonino, quando o problema é no mesmo aquário onde nadam e se alimentam? Cadê esses corajosos que parecem apenas buscar espaço na mídia e na mente dos ingênuos? Cadê?
Fala sério: quem nos causa maior mal? O amazonense falastrão que conta com excelente índice de popularidade em Manaus (agora mais ainda!) ou o nosso homem invisível?
Quando você viu Belém pior do que está? E o que eles, os colegas políticos, têm feito a respeito? Continuam “jogando para a platéia”, propondo leis cuja eficiência é quase nenhuma, mas que “tocam” a população. A última foi aquela graça da gratuidade do ônibus um domingo ao mês. O que isso vai ajudar a população que não tem aonde ir, que morre na porta do P.S.M, que vive mergulhada na lama? Exigir condução digna, limpa, segura e confortável, nem pensar né, nobres edis? Além do mais qualquer técnico legislativo sabe que quando se cria despesa, há que se prever o custeio. Mas o negócio era fazer “barulho”, fingir que pelo menos tentaram dar alguma coisa para a população. Que vergonha!
Prometer porrada no Amazonino é coisa de oportunista. Defender Belém e colocar “o seu” em risco, nem pensar outra vez, não é?
O prefeito agora está “incentivando” que empresas e instituições “adotem” praças. Que meigo! E ninguém pergunta nada, tem até quem comemore. Se amanhã tivermos que “adotar” postos de saúde, escolas e limpeza pública, ninguém vai estranhar, não é mesmo? Todo mundo brincando de prefeito e ele brincando de esconde-esconde. No frigir desses ovos podres, a gente vai acabar achando que mantê-lo longe, é melhor. Ele poderia pelo menos, achar uns amazonenses para destratar frente às câmeras. Mas será que tem algum?
Vera Cascaes escreve às terças no caderno Magazine , de O Liberal.