Sobre traições e traidores
Existem traições e traições. Algumas, de tão insignificantes, nem merecem o título; outras são tão cruéis que poderiam ser tratadas como homicídio doloso (em que há a intenção de matar).
Homens e mulheres traem por razões diferentes; eles podem trair para “aparecer” na matilha, para experimentar algo novo, por pura “galinhagem” ou por hábito – são os que traem e morrerão traindo.
A traição masculina dificilmente tem como causa a parceira, se acontecer com você, não se pergunte o que há de errado consigo mesma; você não tem nada a ver com isso, acredite.
Já as mulheres… É difícil que a mulher satisfeita (ou feliz, como se dizia antigamente) traia. (A questão, me disse um amigo, é satisfazer uma mulher…) Por princípios, a mulher é fiel; quando não é, a maioria terá sempre uma justificativa que cumpre a autoindulgência. A “culpa” pode passar pelo marido, de quantas vezes foi infiel, como ele a trata, como se sente desprezada ou mal amada. Mulheres maltratadas podem “dar o troco”. Que assunto, não?
É um tema muito delicado, requer sutileza e calma; mesmo traidores contumazes preferem acreditar piamente que jamais foram ou serão vítimas dos próprios hábitos – homens, então, acham que mulheres alheias podem ser capazes, mas as que os esperam em casa, para ouvir a mesma desculpa esfarrapada de sempre, não! Mesmo que tenha uma levíssima suspeita, escolhe acreditar que “ela não faria isso com ele” (mesmo que mereça!). Então tá; atenderei sugestão de uma grande amiga e falarei sobre quando as vítimas são as mulheres.
O que fazer? Ah, se eu soubesse de tudo um pouco…
Para ser franca, tenho a convicção que, se a relação vale a pena, sempre será melhor tentar vencer a crise; caso seja possível perdoar.
Existem mulheres que ficam constrangidas em assumir que perdoaram e pretendem dar ao próprio casamento uma nova chance. Isso é muito mais comum que você pensa; ou acha que é fácil reconhecer que foi enganada e perdoou, numa cidade em que todo mundo sabe de tudo?
Não é. Mas a gente consegue, desde que o perdão inclua virar a página e não ficar descontando essa duplicata o resto da vida. Penso que se o parceiro “vale a pena” e você gosta de estar com ele, o melhor é tentar novamente com quem, a princípio, você já conhece. Não, não estou sugerindo que deve aceitar “tudo” para não ficar só; apenas que avalie a perda com algo que chamam de intelig6encia emocional. Depois você solta os cachorros.
Nesses momentos percebemos a diferença entre lealdade e fidelidade. Já me disseram que isso é desculpa para trair. Não acho.
O parceiro leal, por mais que tenha “caído em tentação”, se preocupa com a esposa. Zela, inclusive, para que ela não fique exposta ou mais desrespeitada ainda. Ele não fala mal (nem bem!) dela, não a envolve na traição. E quando descoberto, continuará ao lado dela, mesmo sendo surrado. Isso é antigo? Pode ser, mas tem quem não se importe com a parceira antes, durante ou depois – o que piora tudo. Cometem sandices, aprontam “todas” e acham que serão perdoados sempre e sempre. Desse tipo, querida, o mundo está cheio. Pise nele sem remorso e siga em frente.
Não sei bem o que responder, amiga leitora; o principal é que, se seu casamento vale a pena, se existe amor (lembre que homem é diferente!), será que você deveria desistir dele? Será que ele vai aprontar novamente? Seria tão bom se as respostas fossem fáceis; mas só você pode responder.
Caso perdoe, faça-o com o coração despojado de mágoas, só assim existirá alguma chance. Experimente listar as boas recordações. Escreva-as, para que se tornem mais vivas. Lembre-se de todas as vezes em que soube, de novo, que ele era “o cara”. E tente, só Deus sabe como, sepultar o que não merece ser recordado. De qualquer forma, escolha ser feliz, isso é o que importa.
E não se envergonhe por perdoar. Não somos as únicas, apesar da maioria preferir não tocar no assunto. Aliás, é uma boa prática, o que acontece em Vegas fica em Vegas.
Resumindo: ninguém tem nada com isso.